segunda-feira, 22 de agosto de 2011
Arapiraca (Sucursal)-Com muita criatividade e improviso, o ex-bancário Valdemir Ferreira, o .Cartucho. dá o exemplo de que a poesia popular nordestina - mais precisamente a literatura de cordel - pode baixar os índices de analfabetismo e melhorar o aprendizado das crianças no interior de Alagoas. Autor de mais de 50 folhetos impressos coloridos em papel off-set, o ex-bancário intitula seu trabalho de novo cordel. Valdemir Cartucho mantém a tradição do cordel antigo com versos rimados e estrofes curtas, mas está inovando o trabalho com a escolha de temas ligados à ecologia, prostitui ção infantil e até um cordel traduzido para a língua inglesa. Intitulado .travelling.- que significa viajante traduzido para a língua portuguesa-, o cordel relata com muita diversão a história de duas aves migrató- rias que contam suas experiências pelos Estados brasileiros por onde passaram.
.Essa foi uma maneira divertida que encontrei para incentivar o hábito da leitura entre as crianças, além de ensinar um pouco de inglês e geografia ., explica o cordelista. Cartucho diz que nunca havia escrito nada ligado à literatura ou poesia. Ele conta que a idéia de produzir literatura de cordel surgiu de repente, após completar 54 anos de idade. O escritor diz que as xilogravuras são feitas pelo amigo e parceiro Paulinho da Julita, que mora na cidade de Girau do Ponciano. "Meu maior objetivo é investir na literatura de cordel ensinando os jovens a valorizar o conhecimento da região, e a receptividade das pessoas tem sido muito boa, sobretudo as crianças. Quero ver os jovens lendo coisas boas, ao invés de assistir a programas como Big Brother e a Fazenda, que deturpam os valores da nossa sociedade", comenta.
NA PRÁTICA
O jovem Valter Plácido Santiago Júnior, 12, que estuda na 5ª série do Ensino Fundamental na Escola Municipal Hugo Lima, em Arapiraca, elogia o trabalho do cordelista Cartucho. "Já li três livros de cordel e achei todos bons, com histórias interessantes e divertidas", destaca.
Literatura ainda resiste aos avanços na comunicação
Literatura de Cordel é o nome dado às histórias do romanceiro popular do sertão Nordeste do Brasil (em especial Pernambuco, Paraíba e Ceará). A origem do nome "Literatura de Cordel" está em folhetos de impressão precária e expostos à venda pendurados em varais de barbante. O nome vem de Portugal, onde esse tipo de folheto de literatura popular também era produzido.
Também eram encontrados em países como Espanha, França, Itália e Alemanha. Esse tipo de folheto surgiu na Idade Média, por volta dos séculos XI e XII. A literatura de cordel chegou ao Brasil com nossos colonizadores, instalando-se na Bahia e nos demais estados do Nordeste, onde encontrou um terreno fértil.
MEIOS DE COMUNICAÇÃO
Por outro lado, rádio e TV, com sua ação padronizadora, foram levando para o sertão os elementos mais característicos da cultura urbana e concorrendo com a literatura de cordel. Porém, se os folhetos hoje não fazem o mesmo sucesso que fizeram em outras épocas, eles ainda não desapareceram e são encontrados também nas comunidades nordestinas fora da região.
Atento a importância do seu trabalho, Cartucho reclama da falta de apoio para produzir seus livros de cordel. "Faço tudo com muito esforço e não recebo nenhuma compensação financeira por isso. Meu sonho é contar com o apoio para confeccionar os livros e distribuir nas escolas"completou.
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Eh isso ai Tio!!
ResponderExcluirVamos iniciar uma revolucao cultural, parabens!!
Abraco
Ass: Plinio